domingo, 3 de março de 2013

INCOMPREENSÃO




“Fiz-­me  fraco  para  os  fracos,  para  ganhar  os  fracos.  Fiz-­me tudo para todos para, por todos os meios, chegar a salvar  alguns.”  Paulo (1 Coríntios, 9:22) 

A incompreensão, indiscutivelmente, é assim como a treva perante a luz, entretanto, se a vocação da claridade te assinala o íntimo, prossegue combatendo as sombras, nos menores recantos de teu caminho. Não te esqueças, porém, da lei do auxílio e observa­-lhe os princípios, antes da ação.

 Descer para ajudar é a arte divina de quantos alcançaram conscienciosamente a vida mais alta. A luz ofuscante produz a cegueira. Se as estrelas da sabedoria e do amor te povoam o coração, não humilhes quem passa sob o nevoeiro da ignorância e da maldade. Gradua as manifestações de ti mesmo para que o teu socorro não se faça destrutivo. 

Se a chuva alagasse indefinidamente o deserto, a pretexto de saciar­lhe a sede, e se o Sol queimasse o lago, sem medida, com a desculpa de subtrair­lhe o  barro úmido, nunca teríamos clima adequado à produção de utilidades para a vida. Não te faças demasiado superior  diante dos inferiores ou  excessivamente
forte perante os fracos. 

Das escolas não se ausentam todos os aprendizes, habilitados em massa, esim alguns poucos cada ano. Toda mordomia reclama noção de responsabilidade, mas exige também o  senso das proporções. 

Conserva a energia construtiva do exemplo respeitável, mas não  olvides que a ciência de ensinar só triunfa integralmente no orientador que sabe amparar, esperar e repetir. Não clames, pois, contra a incompreensão, usando inquietude e desencanto, vinagre e fel. Há méritos celestiais naquele que desce ao pântano sem contaminar-­se, na tarefa de salvação e reajustamento. 

O bolo de matéria densa reveste­-se de Iodo, quando arremessado ao poço lamacento, todavia, o raio de luz visita as entranhas do abismo e dele se retira sem alterar-se.Que seria de nós se Jesus não houvesse apagado a própria claridade fazendo­-se à semelhança de nossa fraqueza, para que lhe testemunhássemos a missão redentora? Aprendamos com ele a descer, auxiliando sem prejuízo de nós mesmos.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

" Você nem sempre terá o que deseja, mas enquanto estiveres ajudando aos outros, encontrará o recurso de que precisa." Francisco Cândido Xavier.


Caridade


" Sejamos bons para buscar a nossa cura. Caridade - Novo portal a ser reconhecido."

Semente


" Deus me fez semente. Cabe a mim germinar."
                      Autor Desconhecido

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

ARTE...


O Grupo Perfeito


Irmão X

O Espírito de Júlio Marques comandava o pequeno agrupamento com critério e
bondade. Condutor paciente do diminuto rebanho de companheiros espíritas-cristãos.
Duas vezes por semana, incorporado na médium D.Maria Paula, orientava os amigos na
atividade evangélica. Ternura aliada à experiência, firmeza conjugada à abnegação.
Conflitos e dificuldades morais ecoavam nele de modo particular, arrancando-lhe
palavras iluminadas de benevolência e candura, a deslizarem nas alheias feridas por
bálsamo de esperança.
Numa das noites em que lhe compartilhávamos a responsabilidade, à feição de
apagado trabalhador da retaguarda, notamos a presença de jovem senhora na
assistência. Identificava-se por Dona Clara. Dama inteligente, distinta. Punha os
pensamentos à mostra na conversação espontânea. Insatisfeita. Inquiridora.
Tão logo notou Marques encerrando o comentário edificante, pespegou-lhe
interrogação à queima roupa:
-Irmão Júlio, posso pedir-lhe uma orientação?
O interpelado respondeu humilde:
-Sou deficiente demais para isso; entretanto, estou nesta casa para servir...
E o entendimento continuou:
-Desejo formar um grupo espírita, de acordo com o meu ideal...Acha o senhor
que posso pensar nisso?
-Sem dúvida alguma. Todos somos chamados à obra do Senhor...
-Mas eu quero, irmão Júlio, organizar um círculo de criaturas elevadas e
sinceras, que apenas cogitem da virtude praticada, unicamente da virtude praticada!...
-Grande propósito!
-Uma instituição em que as pessoas se confraternizem, com rigoroso censo de
pureza íntima...Nada de egoísmo, irritação, incompreensão, contenda...
-Sim, minha filha...
-Um grêmio, em que todos os associados vibrem pelo padrão do Evangelho...
Pessoas simples e imaculadas, que não encontrem qualquer obstáculo para a harmonia
de convivência... Verdadeiros apóstolos do bem... O irmão Júlio está ouvindo?
-Sim, filha, continue...
-Anseio por uma comunidade consagrada às realizações espíritas sem a mais
leve perturbação. Os médiuns serão espelhos mentais cristalinos, retratando o verbo do
Alto, como os lagos transparentes que refletem o Sol. Os diretores governarão as
tarefas, na posição de almas primorosas, capazes de todos os sacrifícios pela causa da
verdade, e os cooperadores, corretos e conscientes, integrarão equipe afinada, de
maneira incondicional com os princípios da nossa Doutrina de Luz...
-Plano sublime!...
-O ambiente lembrará uma fonte viva de paz e sabedoria em que os justos
desencarnados se sentirão à vontade para ministrar aos homens os ensinamentos das
Esferas Superiores, com a segurança de quem usa a instrumentação irrepreensível...
-Sim, sim...
-Aspiro a criação de um conjunto que desconheça imperfeições e fraquezas,
problemas e atritos...
-Deus nos ouça...
-Entre as paredes da organização que me proponho levantar, ninguém terá
lugar para malquerença ou desânimo... Tudo será tranqüilidade e alegria... Nenhuma
brecha para discórdias.
-Que o Senhor nos ampare...

-Um Templo a edificar-se na base de cooperadores que jamais descerão da
nobreza própria, a ofertarem um espetáculo permanente de Céu na Terra, para a
exaltação da caridade...
-Sim, sim...
Observando que o amigo espiritual não se desviava dos conceitos curtos, sem
enunciar opiniões abertas, Dona Clara acentuou:
-Posso contar com o Senhor?
-Ah! Filha, não me vejo habilitado...
-Ora essa! Por quê?
-Sou um espírito demasiadamente imperfeito...Ainda estou muito ligado a Terra.
-Mas, recebemos tantos ensinamentos de sua boca!
-Esses ensinamentos não me pertencem, chegam dos mentores que se
compadecem de minha insuficiência...Brotam em minha frase como a flor que desponta
de um vaso rachado. Não confunda a semente que é divina, com a terra que, às vezes,
não passa de lama...
-Então, o irmão Júlio ainda tem lutas por vencer?
-Não queira saber minha filha... Tenho a esposa, que prossegue viúva em
dolorosa velhice, possuo um filho no manicômio, um genro obsedado, dois netos em casa
de correção... Minha nora, ontem, fez duas tentativas de suicídio, tamanhas as privações
e provações em que se encontram. Preciso atender aos que o Senhor me concedeu...
Minhas dívidas do passado confundem-se com as deles. Por isso, há momentos em que me sinto fatigado, triste... Vejo-me diariamente necessitado de orar e trabalhar pararestabelecer o próprio ânimo... Como verifica, embora desencarnado, sofro abatimentos
e desencantos que nem sempre fazem de mim o companheiro desejado.
-Oh! É assim?
-Como não, filha? Todos estamos evoluindo, aprendendo...
Dona Clara refletiu um momento e voltou à carga:
-Mas, em algum lugar, haverá decerto uma associação impecável... Diga, irmão
Júlio, o senhor sabe de alguma equipe sem defeito, como eu quero? E se sabe, onde é
que ela está?
O espírito amigo, senhoreando integralmente a médium, pensou também por
um instante e respondeu com a mais pura ingenuidade que já havia até agora:
-Sim, minha filha, um grupo assim tão perfeito deve existir... Com toda certeza
deve ser o Grupo de Nosso Senhor Jesus Cristo.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Tua hora de Humildade



Se ainda te observas distante de viver a humildade continuamente em todas as horas do dia, podes vivê-la uma hora diária pelo menos...

Traça o teu programa diário de humildade iniciante. Escolhe uma hora dentre as horas de cada dia a fim de aperfeiçoares os próprios sentimentos, exercitando a maior conquista do espírito - a humildade.

Que nessa hora te despreocupes da pressa, da convenção, do calculismo, das inquietações contumazes e de ti mesmo, para que te adestres no sacrifício, na indulgência desinteressada, na solicitude fraterna e na cooperação espontânea.

Será essa a tua hora de procurar o último lugar, a hora de te apagares para que se eleve o brilho dos outros...

Em tua hora de humildade constituir-te-ás em médium do amor de Cristo entre os homens; serás, especialmente, o servo de todos, o irmão comum, a partícula viva e anônima que se funde no todo da Humanidade, sem qualquer amor-próprio ou interesse pessoal.

Que olvides, nesse lapso de tempo, toda tisna de vaidade, todo propósito de personalismo e até as mínimas excitações acerca do futuro para viver o presente, o dia que flui, os momentos de teu serviço puro!

Nessa hora sê bom acima de ti, acima de tudo, acima de tuas próprias vantagens, para que teus sorrisos abram outros sorrisos, para que tua palavra confiante semeie outras palavras de esperança, para que tua vontade de acertar alicie outras vontades para a renovação maior.

Anula nesses sessenta minutos a tensão emocional a respeito de títulos, condições sociais, inclusive a censura a ti próprio, no que tange à defesa do teu lugar ao sol...

Que a tua hora de humildade seja cultivada esmeradamente, cada dia, nos lugares em que deva ser exercida para favorecer-te a ascensão espiritual, seja no escritório, na via pública, no entendimento entre amigos ou na intimidade do lar...

Que nesse interregno respires acima de todas as conveniências individuais, fazendo maiores concessões ao próximo, superando o temperamento, procurando usar mais ampla docilidade com quem te não compreende, buscando acertar onde ninguém ainda o conseguiu, diligenciando efetuar os mais difíceis serviços de fraternidade, testemunhando o bem na escala que ainda não pudeste e relembrando que o teu corpo, em dia próximo, regressará, inelutavelmente ao pó de onde veio.

Recebe no coração a visita do Senhor, ainda que por breves minutos durante o dia.

Começa a ser humilde, abolindo todo desculpismo e conquistando o tempo necessário para a tua hora de humildade e acabarás incorporando em ti mesmo os valores supremos do benfeitor maior que, na conceituação do Cristo, será sempre aquele que se fizer o servidor de todos.

André Luiz - Waldo Vieira